quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A importância da drenagem linfática manual no tratamento de linfedema pós mastectomia. Uma revisão da literatura



1.     Introdução

    O sistema linfático é uma via unidirecional que trabalha em conjunto com o sistema circulatório. Enquanto o sistema circulatório transporta sangue para todo o organismo, o sistema linfático é sua última ramificação, transportando o excesso de líquido e toxinas acumuladas nos espaços intersticiais, promovendo o equilíbrio na circulação do organismo. O sistema linfático é formado por capilares linfáticos, vasos pré-coletores, vasos coletores, troncos linfáticos, ductos linfáticos e linfonodos ou gânglios linfáticos. Todos estes componentes em conjunto tem a função de filtrar e absorver a linfa, para garantir a homeostasia, eliminando do interstício parte das substâncias originadas pelo metabolismo celular, restos celulares e microorganismos (Borges, 2006, p. 344; Valinote et al, 2013).

    O linfedema é gerado pela ineficiência do sistema linfático, influenciado por fatores como a diminuição da pressão osmótica das proteínas, obstrução dos vasos linfáticos, aumento da pressão hidrostática ou amento da permeabilidade capilar. É uma alteração de quadro crônico e progressivo, que pode dar-se devido anomalias que causam deficiência na formação vascular linfática, ou ainda por um incidente de trombose venosa profunda, insuficiência venosa crônica, traumas, úlceras ou danos pós-operatórios. A disfunção congênita no sistema linfático é classificada como linfedema primário, já as disfunções ocasionadas por danificação dos gânglios linfáticos como linfedema secundário.

    O edema é caracterizado pelo aumento anormal de fluído acumulado no espaço intersticial ou no interior das próprias células, gerado por patologias sistêmicas ou venosas decorrente de alterações nas forças fisiológicas que controlam o movimento dos fluídos ao longo do leito capilar, pois o deslocamento dos fluídos necessita da permeabilidade da parede capilar, pela diferença entre a pressão hidrostática e oncótica.

    A mastectomia parcial ou total é um procedimento cirúrgico que pode vir acompanhado da linfadenectomia axilar parcial ou total, caracterizado pelo retirada dos gânglios linfáticos. Na mastectomia total, comumente é realizada a linfadenectomia axilar total (LAT), junto com a extração do músculo peitoral maior e menor, e glândulas mamárias, diferente da mastectomia parcial que retira glândulas mamárias, aponeurose do músculo peitoral maior, podendo ou não retirar totalmente os gânglios linfáticos. Decorrente da retirada dos gânglios linfáticos juntamente com a radioterapia axilar e mobilidade do membro superior, ocorre o linfedema no membro superior do lado homolateral à cirurgia (Leal et al., 2011; Begagnol; Dias, 2009).

    Normalmente, o linfedema que ocorre no pós-operatório de mastectomia encontra-se na fase I, onde os sulcos estão presentes, sendo considerada reversível ou na fase II, em que, progredindo fica mais forte, fibrótico com ausência de sulcos e não irreversível. A incidência é de 20% a 30% de ocorrência de linfedema na pós mastectomia (Da Luz; Lima, 2011).

    A Drenagem Linfática Manual (DLM) é uma técnica de massagem que atua no sistema linfático através de manobras na superfície da pele realizadas de forma harmônica, lenta e rítmica no sentido da anatomia e fisiologia do sistema linfático, favorecendo o fluxo linfático alterado, sem causar qualquer desconforto ao paciente (Tacani et al., 2011).Para realização da técnica podem ser utilizados métodos como de Leduc, Vodder e Godoy. A utilização da técnica evidencia a diminuição de edema e linfedemas por facilitação dos fluídos no espaço intersticial por meio da anastomose, proporcionando o equilíbrio das pressões hidrostática e tissulares. Logo após a realização da DLM, deve ser empregada a terapia compressiva, que tem como objetivo a redução do linfedema e manutenção dos efeitos obtidos pela DLM. Posteriormente o tratamento é continuado com a recomendação de meias mais fortes, acima de 40 mmHg, a fim de conservar os benefícios conseguidos pela DLM (Sobreira, 2006).

    No pós-operatório da mastectomia, a fisioterapia tem papel importante iniciando-se desde a fase pós-hospitalar até a fase tardia. O tratamento fisioterapêutico abrange um protocolo extenso e bem elaborado para prevenção e diminuição de linfedema. Apesar de todas as técnicas serem de suma importância, a DLM é a única técnica que se pode iniciar no pós-operatório remoto, e mantém seu destaque mesmo associado a outros métodos no tratamento avançado.

    O objetivo principal da técnica da DLM no pós-operatório de mastectomia consiste na máxima redução de volume do membro superior do lado afetado, ainda com a melhora funcional e estética do mesmo. Pode-se notar imediatamente uma diferença significativa durante a manobra de DLM. Sua utilização é realizada normalmente em 45 minutos, no qual se observa um amolecimento e diminuição do local e regiões proximais, através da inspeção e palpação, demonstrando que porções do excesso de líquido foram eliminados (Da Luz; Lima, 2011).

2.     Objetivo

    Este estudo tem o objetivo de revisar bibliografias, a fim de analisar os benefícios da DLM no pós-operatório de mastectomia, bem como a sua importância para redução do linfedema e manutenção da qualidade de vida de pacientes pós mastectomizados.

3.     Metodologia

    Foi realizado um levantamento bibliográfico em português, de artigos relacionados ao comprometimento do sistema linfático no pós-operatório de mastectomia em mulheres bem como seu tratamento utilizando a DLM. Trata-se de uma revisão de literatura, em artigos entre os anos 2004 a 2014 da base de dados SCIELO e LILACS, por meio de palavras chaves: sistema linfático, drenagem linfática manual, drenagem linfática manual no pós mastectomia, mastectomia, e linfedema no pós-operatório de mastectomia, também utilizando livros clássicos sobre o tema. Este estudo não precisa ser validado pelo Comitê de Ética.

4.     Desenvolvimento

4.1.     Linfedema no membro superior pós-mastectomia

    O sistema linfático é um constituinte do corpo humano que se relaciona intimamente com o sistema venoso, sendo responsável pelo controle da homeostase macromolecular, absorção de lipídios, controle dos fluídos teciduais e função imunológica. Sua principal finalidade é remover líquidos e proteínas dos espaços intersticiais. Rezende et al. (2011), explica que a remoção dos lipídios e proteínas só é permitida através da membrana capilar linfática, que tem maior permeabilidade que a membrana capilar sanguínea, consequentemente, a falência do sistema linfático, resultará no surgimento de linfedema.

    O linfedema decorrente do pós-operatório de mastectomia poderá surgir a qualquer momento, porém, de acordo com Carvalho e Azevedo (2007), sua maior incidência é após seis meses de cirurgia. Depois de instalado, o linfedema pode ser estabilizado, mas não curado. (Leal et al., 2011).

    Rezende et al. (2008), menciona que o linfedema é a complicação mais comum do pós mastectomia, e suas complicações afetam a qualidade de vida das pacientes, no qual, cerca de 15 a 20% das sobreviventes do câncer mamário, convivem com algum desconforto ou diminuição da capacidade funcional dos membros superiores.

    Os sintomas do linfedema que se associam ao incômodo estão relacionados com o aumento de volume do membro, alterações sensitivas, diminuição na amplitude do movimento (ADM) do membro homolateral, predisposição a infecções sistêmicas e locais, alterações na pele e rigidez. Comumente, decorrente destes sintomas ainda desenvolvem redução da auto-estima, problemas com a imagem corporal e aceitabilidade social. (Barros et al., 2013).

    De acordo com Bergmann, Mattos e Koifman (2004) o linfedema pode ser diagnosticado com a anamnese e/ou pelo exame físico. Na anamnese o diagnostico é subjetivo, realizado através de informações passadas pelo paciente. No exame físico o linfedema pode ser diagnosticado pela inspeção, palpação e técnicas específicas. As técnicas específicas principais realizadas são: sinal de cacifo, perimetria e pletismografia da água. O Sinal de cacifo consiste em uma pressão realizada com o polegar na área afetada por dez segundos, se formar uma depressão após a retirada do dedo do local, o edema está confirmado, e poderá ser classificado de 0+ a 4+ (Figura 1) de acordo com o tempo que a cavidade formada desaparecerá, sendo 0+ nenhuma presença de edema e 4+ edema severo (Coelho, 2004). A perimetria é uma técnica realizada através da medida da circunferência de certos pontos de ambos os membros, verificando a diferença entre eles (Figura 2), com isso o linfedema pode ser classificado como leve, quando a diferença for inferior a 3 cm, moderado de 3 a 5 cm e intenso quando a diferença ultrapassar 5 cm (Carvalho; Azevedo, 2007). Na pletismografia da água, o linfedema é constatado pelo deslocamento da água, esta técnica é realizada imergindo o membro dentro de um cilindro com água e verificando a quantidade de água movida dentro do cilindro (Figura 3).

4.2.     Drenagem linfática manual no pós-operatório de mastectomia

    A DLM foi desenvolvida em 1936, pelo biólogo dinamarquês Emil Vodder e sua esposa Estrid Vodder, a partir de técnicas de massagem, realizadas em pacientes que apresentavam aumento dos linfonodos na região cervical devido ao quadro gripal crônico. Notou-se que a realização de alguns movimentos nesta região resultava na melhora do quadro, amplificando a técnica da DLM com a orientação do sentido do sistema linfático. Logo após a publicação da técnica, outros estudiosos complementaram e descreveram outras manobras, somando a este conceito (Godoy; Godoy, 2004).

    Atualmente, a DLM é realizada principalmente, de acordo com duas técnicas: a de Leduc e a de Vodder. Vodder propõe quatro tipos de movimentos sendo eles: círculos fixos, movimentos de bombeamento, movimento do "doador", movimentos giratório ou de rotação. Já Leduc preconiza cinco movimentos: drenagem dos linfonodos, círculo com os dedos, círculo com o polegar, movimentos combinados (polegar e dedos), pressão em bracelete. Contudo, ambas as técnicas são realizadas obedecendo ao trajeto do sistema linfático e executadas de maneira suave, lenta, rítmica, superficial e com as mãos. (Guirro e Guirro, 2004, p. 75).

    Para a redução de grandes linfedemas, em 1999, Godoy descreve uma nova técnica, realizada com a utilização de um rolete que favorece e exerce uma pressão externa sobre maior área da pele acompanhando o sentido do fluxo dos vasos linfáticos, observado na figura 4 (Godoy; Godoy, 2004)

    Independente da técnica a ser realizada, as manobras jamais deveram ser executadas de forma rápida e forte, respeitando a pressão externa máxima de 40 mmHg, promovendo um diferencial de pressão entre as extremidades a fim de favorecer o deslocamento do fluído abarcado no interstício, objetivando repor na corrente sanguínea.

    No tratamento do câncer de mama a DLM tem um papel muito importante, sendo responsável por reduzir o volume do membro superior afetado, gerado pelo esvaziamento de gânglios linfáticos axilares, melhorando, por conseguinte a estética, a funcionalidade e promovendo o bem estar do paciente, comprometidos devido à instalação do linfedema. (Da Luz; Lima, 2011; Leal et al., 2011).

    De acordo com Leal et al.(2011), e Meirelles et al.(2006), a DLM, no pós operatório de mastectomia, é realizada primeiramente pelo processo de desobstrução dos gânglios linfáticos do pescoço, membro superior contralateral a cirurgia e inguinal, seguido de manobras que transportará a linfa dos pré- coletores aos coletores linfáticos, na região do abdome inferior e superior, e membros superiores (Figura 5).

    O tratamento da DLM em pacientes mastectomizadas pode ser empregado tanto na fase intensiva quanto na fase de manutenção. A fase intensiva tem duração de acordo com a gravidade do caso, e pode variar de três semanas até meses, sendo finalizada quando se adquire a redução máxima do volume do membro (parcial e total). Já a fase de manutenção, tem inicio logo após o fim da fase intensiva, e objetiva manter no máximo de tempo as reduções conseguidas. (Leal et al., 2011).

Figura 5. Sentido do fluxo da DLM realizada em pacientes mastectomizadas

Fonte: www.fisioonco.com.br/drenagem-linfatica-manual-especializada

5.     Discussão

    Conforme o presente estudo foi possível constatar que, ainda, pacientes pós mastectomizadas desconhecem a DLM ou não tem conhecimento da sua real importância como tratamento no pós-operatório, e também é pouco utilizada por profissionais como método terapêutico.

    A principal consequência do linfedema é o aumento do membro homolateral à cirurgia, que frequentemente desfigura a imagem corporal, resultando em alterações emocionais e sociais, além de prejudicar a percepção da sexualidade.

    Os estudos que abordaram a DLM como tratamentos pós-operatórios observaram em sua maioria, bons resultados, sendo utilizado de forma associada ou isolada, não obtendo resultados que abordassem a DLM de forma negativa, como demonstrado no Gráfico 1. Em consequência primária, a técnica contribuiu para diminuição de linfedema, diminuição de dor e melhora da hidratação da pele. Como consequência secundária, cooperou para o aumento da ADM do ombro homolateral a cirurgia, volta às atividades de vida diária, e melhora da auto-imagem e imagem corporal.

Gráfico 1. Coluna 1 demonstra a quantidade de artigos pesquisados que citam ou não a DLM como tratamento da mastectomia. 

Coluna 2 demonstra os artigos que utilizaram a DLM de forma isolada ou associada. Coluna 3 demonstra os resultados obtidos com a DLM

    O tratamento realizado na primeira semana se faz de extrema importância, porque reduz significativamente o linfedema, ajudando no controle da fase secundária. Os resultados obtidos após esse período podem ser menos satisfatórios, com efeito de manutenção da redução já conseguida anteriormente. Acredita-se que melhores resultados são conseguidos logo na primeira semana após a cirurgia do câncer mamário, quando aparecem os primeiros sinais do linfedema. (Leal et al., 2011a, 2009b).

    A incidência do linfedema depende de alguns fatores como: extensão da cirurgia, alto índice de massa corpórea, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), uso excessivo do membro, história de inflamação ou infecção, exposição a temperatura altas, alterações circulatórias sanguíneas arterial e venosa. (Barros et al., 2013).

    Observou-se que o tratamento tardio, tem melhores resultados quando a DLM é associada a outras técnicas. A utilização de alongamentos, auto massagem e orientações domiciliares são os métodos associados mais utilizados. Estas condutas acrescentam outros objetivos, como por exemplo, a melhora da funcionalidade do membro, cuidado com a pele, acentuando os efeitos obtidos pela DLM e melhora da qualidade de vida.

    De acordo com Meirelles et al. (2006), os bons resultados da diminuição do linfedema dependem tanto do terapeuta em realizar um bom trabalho quanto do grau do linfedema e a colaboração do paciente em realizar corretamente as orientações recebidas para o cuidado com o membro homolateral a cirurgia.

    A DLM é uma técnica realizada superficial a pele, através de movimentos rítmicos, suaves e lentos no sentido da linfa, drenado somente o líquido intersticial. Tacani, Tacani e Liebano (2011) descrevem que a pressão exercida sobre a pele durante as manobras não deve ultrapassar a 40 mmHg e que jamais poderá ser realizada com movimentos rápidos e rigorosos, que resultem dor e lesões aos tecidos e ao paciente, pois a má aplicação da técnica pode acarretar danos ao sistema linfático, complicações como microvarizes e piora do fibroedema.

    Os efeitos da DLM podem ser percebidos por meio da palpação no momento da realização das manobras, notando-se o amolecimento dos tecidos e a diminuição nas regiões proximais a área afetada. Da Luz e Lima (2011), explica que o primeiro passo é a evacuação que tem início com a desobstrução dos gânglios linfáticos do tronco e pescoço, seguido da captação que direciona a linfa dos pré-coletores aos coletores linfáticos.

    Visto os efeitos e a importância da DLM, se fazem necessários mais estudos sobre os benefícios da técnica no pós-operatório de mastectomia, para um melhor conhecimento da população, e também de profissionais, para que mulheres mastectomizadas possam realizar esse tratamento, melhorando sua qualidade de vida.

6.     Considerações finais

    O câncer mamário é um problema estigmatizante, que deve ser diagnosticado e tratado o mais precocemente possível, em busca de afastar suas consequências. O linfedema é a principal complicação gerada no pós-operatório, e um problema enfrentado pela maior parte de mulheres mastectomizadas, gerando além do dano estético e prejuízo funcional do membro comprometido, alterações emocionais.

    A DLM é de extrema relevância para a redução do linfedema, visto que age diretamente no sistema linfático eliminando o excesso de fluído do espaço intersticial, por isso sua utilização de forma isolada ou associada a outras técnicas, como: fisioterapia complexa descongestiva, compressão pneumática intermitente, bandagens e auto massagem, beneficiando pacientes pós mastectomia (Da Luz; Lima, 2011).

    É perceptível à necessidade de novos estudos que abordem os benefícios bem como a importância desta técnica, para tratamento pós-operatório de mastectomia, visto que é crescente a incidência do câncer de mama, e a consequente complicação desagradável que atinge grande parte das mastectomizadas.

    Diante deste estudo, conclui-se que, a DLM é um recurso fundamental para minimizar os efeitos negativos gerados pela insuficiência linfática, sendo de grande importância na fase inicial ou tardia do tratamento. Entretanto, foi possível constatar que a DLM ainda é pouco reconhecida, por pessoas mastectomizadas, como forma de tratamento básico inicial. Assim, sugerem-se estudos futuros que corroborem com os dados obtidos neste trabalho, com o objetivo de demonstrar a importância da DLM desde a fase inicial do pós-operatório de pacientes mastectomizadas até a fase tardia.

Bibliografia

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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Abordagem Fisioterapêutica no Fibro Edema Gelóide: Uma revisão da Literatura



O Fibro Edema Gelóide (FEG) popularmente chamado de celulite1, afeta a maioria das mulheres1-5. Além de ser desagradável aos olhos do ponto de vista estético, acarreta problemas álgicos nas zonas acometidas e diminuição das atividades funcionais1,6. É uma afecção que provoca sérias complicações, podendo levar a dores intensas e problemas emocionais7.

O FEG é uma desordem metabólica regional que altera toda a harmonia da pele, tornando-a de aspecto rugoso e sem brilho7. Pode se apresentar nos graus I, II e III, e alguns autores preconizam até o grau IV. O grau I ou brando, é de aspecto visível pela compressão do tecido entre os dedos ou sob contração voluntária, e não há alteração da sensibilidade à dor. O grau II ou moderado, é de aspecto visível, já havendo alterações da sensibilidade. No grau III ou grave, as fibras do tecido conjuntivo se apresentam danificadas e a sensibilidade à dor está aumentada 8.

O tecido conectivo constitui a derme e é formado por cinco elementos que são células, formações fibrilares, substância fundamental, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. No tecido acometido a circulação se encontra comprometida devido às progressivas transformações ocorridas nesse tecido 7.

Por se tratar de um distúrbio estético de etiologia multifatorial, vários são os tratamentos propostos, onde os bons resultados são obtidos quando os procedimentos e recursos são perfeitamente integrados 9. Nos últimos 15 anos surgiram vários tratamentos, todas as técnicas são tentativas de melhorar o aspecto da pele e de agir nas etapas que participam da disfunção10. A fisioterapia dermato-funcional dispõe de modalidades terapêuticas aplicadas no tratamento dessa afecção 1.

A drenagem linfática manual (DLM) é uma técnica de massagem executada de forma suave, lenta e rítmica e mobiliza a linfa que se localiza nos tecidos mais superficiais e nos vasos linfáticos11. Como benefícios da utilização do ultra-som, há a fonoforese, que promove a neovascularização com rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas e melhora das propriedades mecânicas do tecido8. A corrente russa é uma corrente de média freqüência que auxilia na oxigenação, causa ação de bombeamento sobre os vasos linfáticos e venosos, melhorando, assim, o trofismo muscular12.

No FEG pode ocorrer um aumento no tamanho e no número de adipócitos, o que causa compressão no sistema venoso e linfático. A endermologia possui uma pressão positiva nos roletes do cabeçote, que, associada à pressão negativa da sucção controlada do aparelho, causam danos às células adiposas, culminando em sua remodelação, sendo indicada, assim, no tratamento do mesmo13. Estudos recentes mostram que a radiofreqüência pode produzir a redução do FEG, através de alterações histológicas, sem causar complicações na derme14.

No presente estudo de revisão de literatura foi levado em consideração a importância de se realizar uma maior investigação sobre os benefícios dos recursos fisioterapêuticos empregados no fibro edema gelóide.

MÉTODO

Este trabalho foi realizado através da análise de artigos científicos indexados no banco de dados dos últimos 10 anos disponível na internet, a partir do sistema SCIELO/ PUBMED/ LILACS e capítulo de livro.

Foram empregadas palavras–chave como fibro edema gelóide, fisioterapia dermato-funcional, celulite e suas similares em inglês, usadas isoladamente ou em combinação. Após essa seleção, novas referências foram obtidas a partir da bibliografia do artigo em apreço, onde cada um foi avaliado, segundo o objeto de estudo, visando obter conclusões gerais. Como critérios de inclusão foram inseridas as coletas dos artigos nos últimos 10 anos, assim como artigos que discorriam sobre o fibro edema gelóide, tratamento e fisioterapia.

Já os estudos que não se apresentavam indexados e que não apresentavam qualidade de ensino metodológico, foram excluídos.

Foram identificados 15 trabalhos experimentais, 6 artigos de revisão e 5 relatos de caso, os quais foram selecionados por abordarem temas concernentes ao objetivo deste trabalho e por estarem de acordo com os critérios de inclusão estabelecidos. O resultado consistiu em 19 artigos provenientes nos bancos de dados científicos eletrônicos e como referência suplementar foram incluídos 7 artigos das bases de dados ativas e um livro texto.

Os tópicos discutidos incluíram relatar os recursos terapêuticos mais utilizados no FEG. Os textos foram analisados e sintetizados, a fim de se obter informações consistentes relacionadas aos recursos terapêuticos utilizados pela fisioterapia dermato-funcional e seus respectivos benefícios no tratamento.

RESULTADOS

De acordo com a pesquisa nas bases de dados, na tabela 1 foram selecionados 16 artigos referentes às abordagens fisioterapêuticas utilizadas no tratamento do FEG, incluindo os tipos de estudos e os autores. Nos resultados da pesquisa foram encontrados vários tratamentos propostos para o fibro edema gelóide.

A drenagem linfática manual usada isoladamente foi abordada em 3 estudos (2 experimentais e 1 estudo de caso) e a DLM associada com o ultra-som foi citada em 1 estudo de caso. Já a utilização da fonoforese foi relatada em 2 estudos (1 experimental e 1 estudo de caso). A corrente russa é referida em 1 estudo experimental. O ultra-som também foi usado isoladamente em 1 revisão de literatura e 1 estudo de caso. Também foram citadas a radiofrequência em 3 estudos experimentais e a endermologia em 4 estudos (3 experimentais e 1 estudo de caso).

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DISCUSSÃO

O USO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL

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Em relação à DLM como abordagem no tratamento do FEG, foram encontrados 3 artigos utilizando-a como técnica isolada e 1 artigo associando-se a mesma ao ultra-som. Em um estudo de caso, realizado por Pieri  & Brongholi , após 20 atendimentos, observou-se que a técnica se mostrou eficaz, e alguns dos fatores positivos foi a aceitação da modalidade por parte da paciente, com melhora do aspecto da pele, sensação de peso, cansaço dos membros inferiores e redução da perimetria, porém relatou-se que a melhora foi mais evidente no FEG grau II e ficou evidente que foram necessários vários atendimentos para se observar uma melhora significativa no quadro Os autores ressaltaram a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas com amostras significativas e por tempo mais prolongado15.

Um estudo com 3 pacientes, com faixa etária entre 18 a 30 anos, feito por Meyer et al. com 20 sessões, realizadas três vezes por semana,em dias alternados, por 60 minutos, mostrou que a DLM contribuiu para uma melhoria no processo de fibrose, promovendo a remoção do excesso de líquido intersticial, onde o contorno de pele se apresentou menos ondulado na ocasião da reavaliação16.

Em contrapartida, um estudo realizado por Gravena frisa que após uma dezena de sessões, feitas em 3 pacientes, foi obtida uma melhora significativa na aparência da pele e no aspecto de relevo, mas que a partir da 10ª sessão os resultados diminuíram, e após a 20ª cessaram, determinando, assim, em um resultado moderado quanto à aparência, aspecto de relevo e mobilidade da pele na paciente com grau II de FEG, e reduções muito discretas nas pacientes com grau III, onde não apresentou melhora objetiva quanto à aparência, mas houve uma diminuição do quadro de algia à palpação17.

Foi encontrado na literatura apenas um estudo de caso, realizado por Galvão, que associa a DLM ao ultra-som. Foram realizados 20 atendimentos de 1 hora e meia, três vezes por semana. Após a análise de dados não foi observada a melhora esperada, mas não houve uma piora do quadro do FEG, o que poderia poderia ter ocorrido pelo fato de a paciente ter um aumento de peso de 2,700 kg em relação à primeira avaliação7. A diminuição de medidas e dobras cutâneas deu-se pelas aplicações regulares do ultra-som e manobras da drenagem linfática manual, demonstrando que a associação destas técnicas pode ser um recurso benéfico no tratamento do fibro edema gelóide.

Nestes estudos, o número de sessões consistiu de 20 atendimentos cada, preconizando que este é um protocolo de unanimidade entre os mesmos, porém, após estes atendimentos, no estudo de Pieri & Brongholi15, foi visto que o resultado final consistiu em melhora do FEG grau II, ou seja, a DLM não se mostrou uma abordagem terapêutica com melhora evidente em grau III. No estudo de Meyer et al.16, o resultado final consistiu de um contorno de pele menos ondulado, com melhoria no processo de fibrose, o que pode se entender que houve regressão de graus mais avançados para graus mais leves ou moderados de FEG.

Apoiando a idéia de Pieri & Brongholi15, Gravena17 defende que houve um resultado moderado,com melhora significativa na aparência da pele e aspecto de relevo em grau II, porém decorreu com reduções muito discretas em grau III. Galvão7 relata que não ocorreu relevância em relação à melhora do quadro do FEG, mas que também não houve piora.

Observa-se que a DLM pode ser uma abordagem terapêutica de opção no tratamento do FEG, visando a melhora do aspecto da pele, da sensação de peso e cansaço dos membros inferiores e redução da perimetria. Também ocasiona melhoria no processo de fibrose, promovendo a remoção do excesso de líquido intersticial, e proporciona alívio das dores em pacientes com graus mais elevados de FEG, porém preconiza-se que a maior relevância dos resultados positivos ocorreu em pacientes com grau II, objetivando que esta técnica pode não ser tão eficaz em pacientes com grau III.

O USO DO ULTRA-SOM

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Os efeitos da fonoforese foram abordados por dois autores. No primeiro estudo, por Federico MR et al., cinco participantes foram selecionadas aleatoriamente, com FEG grau II, submetidas a 16 sessões de fonoforese, realizadas 4 vezes por semana. Os resultados não se mostraram satisfatórios pelo fato de que a indicação do princípio ativo (à base de hera, centella asiática e castanha da índia) foi apropriada para o objetivo terapêutico, porém o tempo destinado ao estudo foi insuficiente para que houvesse uma ação do princípio ativo, além de ter havido a necessidade de um grupo fazendo uso somente de ultra-som com substância de acoplamento (gel comum)18.

Já no estudo do tipo relato de caso, por Corrêa, utilizando o princípio ativo (cafeína, ginkgo biloba e centella asiática), após 15 atendimentos houve melhora dos graus do FEG e no aspecto geral da pele, mesmo após a reavaliação ter sido realizada no período menstrual, onde é comum ocorrer retenções de líquidos, o que agrava o quadro. A autora frisa que em novos estudos, é importante preconizar uma dieta balanceada e exercícios físicos regulares associados ao tratamento proposto para o FEG1.

No que se trata em relação ao ultra-som utilizado no tratamento do FEG, foram encontrados 2 artigos na literatura. De uma forma geral, no estudo de Menezes, Silva e Ribeiro, foi observado que o ultra-som é eficaz na amenização e diminuição do quadro nas regiões das coxas, abdômen e glúteos19. No entanto, em um relato de caso feito por Oenning  & Braz, onde foi utilizado o ultra-som com freqüência de 3 Mhz, intensidade de 0,6 w/ cm², modo contínuo, foram necessárias 20 sessões, segundo o autor, para se observar uma melhora significativa, reduzindo o FEG grau I e grau II, diminuindo o aspecto em "casca de laranja", mas houve ênfase ao fato de que se o tratamento fosse associado a dieta, atividade física ou outros recursos, como a drenagem linfática e fonoforese, poder-se-ia obter um resultado mais imediato20.

Federico et al.19 utilizou 16 sessões de fonoforese e relatou que os resultados não se mostraram satisfatórios, já Corrêa1 utilizou um número de sessões aproximado (15) e relatou melhoras principalmente em grau II. O estudo de Oenning & Braz20 se utilizou de 20 sessões, também dando ênfase a benefícios aos graus I e II. Isso mostra que a fonoforese ou o ultra-som podem trazer aspectos positivos em grau II, mas não tão eficazes em grau III. Não se pode afirmar com absoluta certeza que a fonoforese apresenta melhores resultados que o ultra-som com apenas o gel de acoplamento, devido a escassez de artigos científicos na literatura. Observa-se que a maioria dos estudos acima relata a eficácia do ultra-som.

O USO DA ENDERMOLOGIA

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Em relação ao uso da endermologia no tratamento do fibro edema gelóide, foram encontrados 4 artigos. Um estudo experimental, realizado por Figueiredo & Caromano, teve 3 amostras. Participaram da amostra 1 e 2, dez mulheres com idade entre 25 a 54 anos, que foram orientadas quanto à importância da ingestão de líquidos, atividade física regular e controle da alimentação. Já a amostra 3 consistiu de tres mulheres de idade entre 25 e 35 anos, que não foram alertadas sobre as orientações citadas anteriormente. Foram realizadas 20 sessões, três vezes por semana em todas as participantes, entre 30 e 35 minutos. A maior parte das pacientes se mostrou satisfeita com o resultado do FEG, através de questionário realizado pelos autores21.

Em outro estudo de caso, realizado por Beramendi, durante 20 sessões, 3 vezes por semana, 30 minutos, com a paciente apresentando graus I, II e III de FEG, obteve como resultado a eficácia deste protocolo, pois ocorreu diminuição e atenuação da presença do FEG, proporcionando uma melhor aparência local22. O autor frisou que a colaboração da paciente em adotar dieta equilibrada e exercícios físicos regulares, beneficia o tratamento.

Em um estudo experimental feito por Guleç23, em 33 mulheres, com graus I, II e III de FEG, durante 15 sessões, 2 vezes por semana, obteve-se como resultado a melhora da aparência do FEG em apenas 5 pacientes (15%), relatando, assim, que a endermologia é um método moderadamente eficaz na redução do FEG. Na mesma linha de pensamento do autor acima, foi encontrado um estudo realizado por Collis et al., feito por 12 semanas, 2 vezes por semana, num grupo de 35 de 52 pacientes do sexo feminino. Após o tempo de tratamento, apenas 10 indivíduos apresentaram melhora da aparência do FEG, relatando o autor que a endermologia como método isolado não é eficaz nesta disfunção24.

Nestes estudos, a eficácia e resultados positivos da endermologia se mostraram divergentes. Figueiredo & Caromano21 e Beramendi22 se utilizaram de 20 sessões, 3 vezes por semana, e apesar do primeiro não objetivar melhora de graus de FEG, o segundo relatou diminuição de graus I e II e atenuação do grau III, concordando,os dois, com resultados positivos no tratamento. Em contrapartida, Guleç23, com 15 sessões, mostrou que ocorreu pouca involução dos graus, apenas com melhora de 15% no número total dos pacientes do estudo, e Collis et al.24, após 24 sessões, relatou que apenas 10 pacientes dos 35 analisados apresentaram melhora da aparência do FEG. Estes dois estudos corroboram a idéia de que a endermologia pode não ser uma abordagem benéfica no tratamento do FEG.

O USO DA CORRENTE RUSSA

A corrente russa como tratamento para o FEG foi abordada em um artigo, realizado por Borba. A autora realizou 20 atendimentos em 6 pacientes do sexo feminino, na faixa etária de 18 a 45 anos, com graus II e III de FEG, em 3 sessões por semana. A corrente russa era aplicada em glúteos e coxas, utilizando 8 canais (16 eletrodos), por 15 minutos, freqüência modulada 50hz, com parâmetros de 3s de subida, 8s de sustentação, 3s de descida e 12s de repouso.
Obteve-se um efeito satisfatório em 83,3% dos casos, e 16,6% não apresentaram bons resultados. Houve a diminuição dos nódulos e dores antes encontrados em 33% das pacientes. Uma paciente teve regressão do FEG e hipertrofia da musculatura glútea, 2 pacientes que faziam acompanhamento nutricional tiveram uma melhora significativa, 2 pacientes apresentaram redução do fibro edema gelóide, acompanhado de uma hipertrofia glútea significativa, e 1 paciente continuou com o grau II de FEG, pois apresentava flacidez acentuada e não suportava intensidades altas da corrente russa25.
Assim, pontua-se que esse método foi eficaz no tratamento, mas há necessidade de mais pesquisas científicas sobre o tema.

O USO DA RADIOFREQUÊNCIA

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Em relação à radiofreqüência como terapia para o tratamento do FEG, foram encontrados 3 artigos relacionados ao tema. No primeiro estudo, feito por Alexiades-Armenakas, Dover e Arndt, realizado com 10 indivíduos, faixa etária entre 32 e 57 anos, com FEG graus II a IV, foram utilizadas 6 sessões, 2 vezes por semana. Houve melhora média na densidade de ondulação do FEG em 11,25%, na distribuição da ondulação de 10,75% e na profundidade da ondulação de 2,5%.  Ao final, todos os pacientes responderam ao tratamento com melhoras significativas indicando que a radiofreqüência é segura na redução do fibro edema gelóide26.

Em um estudo mais recente, realizado por Van Der Lugt et al., 50 pacientes foram tratados em 12 sessões semanais, por 12 minutos nas regiões glúteas. Ao final do protocolo, quase todos os pacientes observaram melhora do FEG, do contorno corporal e da aparência da pele. Os autores frisam que a radiofreqüência melhorou o aspecto geral da pele e FEG, com alto índice de satisfação do paciente27. Em outro estudo, feito por Goldberg, Fazeli e Berlin, 30 indivíduos foram tratados a cada duas semanas, por seis sessões. Os resultados se mostraram positivos, pois 27 indivíduos apresentaram melhora clínica na aparência do FEG, com redução média de circunferência da coxa de 2, 45 cm14.

Alexiades-Armenakas26 se utilizou de 6 sessões, 10 pacientes, e relatou resultados positivos da radiofreqüência no FEG, com a involução dos graus II a IV que as pacientes apresentavam antes do tratamento. Van Der Lugt et al.27, com o dobro de sessões, cada esta realizada por 24 minutos, em 50 pacientes, detectou a melhora da aparência da pele, sem especificar graus possivelmente afetados pela abordagem.

Com o mesmo número de sessões de Alexiades-Armenakas26, Goldberg14 relatou melhoras em 27 pacientes dos 30 analisados, com mudanças histológicas na fibrose dérmica. Entre estes 3 artigos houve a comprovação de que a radiofreqüência pode ser um recurso benéfico como abordagem no fibro edema gelóide.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vários são os tratamentos para o fibro edema gelóide, e, através deste trabalho, pôde-se observar que há divergências quanto à eficácia de alguns tratamentos e tipos de protocolos específicos para cada abordagem ou associação de técnicas. Mas, a maioria dos autores refere resultados positivos no tratamento. Salientando que na literatura há citações que recomendam o uso de terapias associadas no tratamento desta disfunção.

A drenagem linfática manual pode ser uma abordagem de eficácia em graus leves a moderados de fibro edema gelóide, porém, não mostrou resultados extremamente resolutivos em graus avançados.

Estudos mostram a eficácia do ultra-som, relatando benefícios no tratamento, porém não se pode afirmar com absoluta certeza que a fonoforese apresenta melhores resultados que o ultra-som com apenas o gel de acoplamento, devido a escassez de artigos científicos na literatura. Foi visto também que há a necessidade de mais estudos para a investigação da eficácia da endermologia no tratamento do fibro edema gelóide, visto que há divergências de opiniões entre os autores citados nesta revisão de literatura.
Assim como a corrente russa consiste em um método importante no FEG, apresentando resultado positivo no tratamento, a radiofreqüência é uma nova abordagem que vem apresentando aspectos benéficos, porém estas têm a necessidade de mais estudos em relação às mesmas, proporcionando um melhor embasamento científico acerca dos temas.

É importante salientar que a adoção de equilíbrio alimentar, exercícios regulares e hidratação contínua são medidas complementares para qualquer abordagem utilizada no tratamento do FEG, promovendo resultados benéficos e mais eficazes.

A fisioterapia dermato – funcional, por ser uma área recente, necessita de mais estudos científicos, que comprovem os benefícios das abordagens terapêuticas no tratamento do fibro edema gelóide, para a melhoria do bem-estar e auto-estima dos pacientes.

REFERÊNCIAS

1. Corrêa MB. Efeitos obtidos com a aplicação do ultrassom associado à fonoforese no tratamento do fibro edema gelóide. Tubarão, SC – Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade Assis Gurgacz; 2005.

2. Cunha A, Costa JB, Rosado C. A celulite: caracterização funcional e revisão dos principais compostos utilizados na abordagem cosmetológica. Rev Lus Cien Tec Saude 2006; 3(1): 77-85.

3. Weiber VR. Aspectos de insatisfação em relação ao fibro edema gelóide(FEG) em acadêmicas da Faculdade Assis Gusgcz-FAG.Cascavel,PR- Trabalho de conclusão de Curso. Faculdade Assis Gurgacz;2006.

4. Sandoval B. Fibro edema gelóide subcutâneo: qué conecemos de esta entidad clínica? Rev Folia Dermatol 2003; 14(1): 38-42.

5. Penã J, Pérez MH. Lipodistrofia ginecóide(celulitis).Rev Cent Dermatol Pascua 2005;14(3):132-135.

6. Meyer PF, Lisboa FL, Alves MCR, Avelino MB. Desenvolvimento e aplicação de um protocolo de avaliação fisioterapêutica em pacientes com fibro edema gelóide. Rev Fis Movim 2005; 18(1): 75-83.

7. Galvão MMM. Drenagem linfática manual e ultra-som no tratamento do fibro edema gelóide em região glútea – um estudo de caso. Cascavel, PR – Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade Assis Gurgacz; 2005.

8. Guirro,ECO, Guirro,RRJ. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos-recursos-patologias  3 ed. São Paulo: Manole; 2004. p.363.

9. Corrêa MS, Gontijo EG, Tonani RL, Reis ML, Borges FS. Análise da eficácia da carboxiterapia na redução do fibro edema gelóide: estudo piloto. Rev Fisiot Ser 2008; 3(2): 1-8.

10. Dalsasso JC.  Fibro edema gelóide: um estudo comparativo dos efeitos terapêuticos, utilizando ultra-som e endermologia- Dermovac, em mulheres não-praticantes de exercício físico. Tubarão, SC – Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Sul de Santa Catarina; 2007.

11.
Tacani R, Tacani P. Drenagem linfática manual terapêutica ou estética: existe diferença? Rev Bras Ciênc Saúde 2008; 3(17): 71-76.

12. Orlandi V. Corrente russa e exercício resistido no músculo glúteo máximo. Tubarão,SC – Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Sul de Santa Catarina; 2005.

13. Milani GB, João SMA, Farah EA. Fundamentos da fisioterapia dermato-funcional: revisão de literatura. Rev Fisiot e Pesq 2006, 13(1): 37-43.

14. Goldberg DJ, Fazeli A, Berlin AL. Clinical, laboratory, and MRI analysis of cellulite treatment with a unipolar radiofrequency device. Dermatol Surg 2008, 34(2): 204- 209.

15. Pieri PP, Brongholi K. A utilização da drenagem linfática manual do tratamento do fibro edema gelóide. Santa Catarina, SC – Trabalho de conclusão de curso; UNISUL; 2003

16. Meyer PF, Martins NM, Martins FM, Monteiro RA, Mendonça KMPP. Effects of Lymphatic Drainage on cellulitis assessed by magnetic resonance. Rev Bras arch biol technol 2008, 51( special): 221- 224.

17. Gravena BP. Massagem de drenagem linfática no tratamento do Fibro edema gelóide em mulheres jovens. Cascavel, PR – Trabalho de Conclusão de Curso; Faculdade Assis Gurgacz; 2004.

18. Federico MR, Gomes SVC, Melo VC, Martins RB, Laurio MC, Moura RL, Medeiros AG, Souza IA, Veltman JF, Barboza GS, Sá TM, Santana AA,Borges FS. Tratamento de celulite (paniculopatia edemato fibroesclerótica) utilizando fonoforese com substância acoplante à base de hera, centella asiática e castanha da índia. Rev Fisiot Ser 2006, 1(1): 6-10.

19. Menezes RC, Silva SG, Ribeiro ER. Ultra-som no tratamento do Fibro Edema Gelóide. Rev Insp 2009, 1(1): 10-14.

20. Oenning EP, Braz MM. Efeitos obtidos com a aplicação do ultra-som no tratamento do fibro edema gelóide – FEG(celulite). Santa Catarina, SC – Trabalho de conclusão de curso; UNISUL; 2002.

21. Figueiredo SS, Caromano FA. Efeito do tratamento com silk light em portadoras de celulite. Rev Arq Ciênc Saúde Unipar 2000, 4(2): 175- 182.

22. Beramendi JAE. O novo método instrumental in-dermoplus de dupla massagem mecânica para tratamento de celulite e gordura localizada. Rio de Janeiro – RJ. Trabalho de conclusão de curso; Fundação Técno Educacional Souza Marques; 1999.

23. Guleç AT. Treatment of cellulite with LPG endermologie. Int J Dermatol 2009, 48(3): 265- 270.

24. Collis N, Elliot LA, Sharpe C, Sharpe DT. Cellulite treatment: a myth or reality: a prospective randomized, controlled trial of two therapies, endermologie and aminophylline cream. Plast Reconstr Surg 1999, 104(4): 1110-1117.

25. Borba PF. Análise da eficácia da corrente russa na redução do fibro edema gelóide. Cascavel, PR – Trabalho de Conclusão de Curso; Faculdade Assis Gurgacz; 2006.

26. Alexiades – Armenakas M, Dover JS, Arndt KA. Unipolar radiofrequency treatment to improve the appearance of cellulite. J Cosmet Laser Ther 2008, 10(3): 148- 153.

27. Van Der Lugt C, Romero C, Ancona D, Al-Zarouni M, Perera J, Trelles MA. A multicenter study of cellulite treatment with a variable emission radio frequency system. Dermathol Ther 2009, 22(1): 74-84.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Fisioterapia e os Tratamentos Corporais




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Os tratamentos corporais estéticos, associados a fisioterapia, têm como objetivo dar uma melhor definição aos contornos corporais por meio de redução de medidas, combate à celulite, flacidez, gordura localizada e todos os transtornos que comprometem a silhueta.
         
Para saber qual o melhor tratamento a ser seguido em cada caso, visto que não há duas pessoas iguais, se faz necessária a avaliação prévia, para que se possa ter base de qual programa de tratamento da Estética Corporal será utilizado. Essa avaliação deve ser feita por um profissional habilitado!
         
Falaremos a seguir um pouco sobre cada tratamento, para que se saiba as maravilhas que a estética corporal pode fazer pelo corpo.

* Endermologia: Provoca hiperemia (aumento da circulação e absorção) local, melhora a elasticidade, faz uma pressão negativa no tecido adiposo promovendo uma drenagem linfática e um tônus na tela cutânea.

* Ultrassom: Melhora a circulação local por aquecimento ou pelo atrito de ondas ultrassonoras. Equipamento que promove uma desfibrilização da gordura, facilitando o extravasamento do interior celular para o meio intersticial, ou seja, diminuindo o tamanho das células adipocitárias. Faz a fonoforese (introdução de princípios ativos pela utilização das ondas sonoras), auxiliando no processo de cicatrização, muito utilizado nos pré e pós-cirúrgucos, celulites e gorduras localizadas.

* Corrente Russa: Utilizado para estimulação isotônica e isométrica, trabalhando fibras musculares, tonificando-as intensificando a sustentabilidade da malha cutânea depositadas sobre os músculos. Usado para, entre outras coisas, flacidez muscular, drenagem linfática, relaxamento muscular, abdominais, levantamento de glúteos, etc.

* Termoterapia: Mantas térmicas, utilizadas na redução de medidas, facilitando a penetração de princípios ativos pela vasodilatação e pela permeabilidade cutânea. Também muito utilizado nos tratamentos de Thalassoterapia, Hidratação Corporal, nos protocolos de SPAs.

* Eletrolipoforese: Aparelho dotado de várias características que possibilita seu uso em vários procedimentos de ordem estética, principalmente celulites, gordura localizada, aumento da nutrição e irrigação tecidual, consequentemente, aumento do metabolismo local, melhorando a fisiologia da região a ser tratada, melhora as respostas de todas as manobras e uso de cremes de massagens.

* Ionização de Superfície: Equipamento que consegue fazer uma desintoxicação no tecido corporal por meio de suas trocas iônicas em suas células. Com propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, vasodilatadoras e vasomotoras.

* Drenagem Linfática: Com finalidade de melhorar o fluxo linfático líquido circulante no organismo, que traz de volta, junto à circulação, retorno pobre em oxigênio e nutrientes. Para isso a drenagem segue um padrão de movimentos suaves e contínuos, ajudando o retorno dessa linfa, cujas toxinas serão eliminadas pelas glândulas e órgãos excretores, voltando ao ponto de partida para se juntar a grande circulação e receber oxigênio e nutrientes. Por ela não ser bombeada pelo coração, o que determina sempre a sua movimentação, é a musculatura. Portanto, a drenagem auxilia no metabolismo e fisiologia de todo o organismo, especialmente nos pré e pós-cirúrgicos.

* Massoterapia: Muito parecida com a drenagem, mas o diferencial fica por conta de que aqui é permitido o uso de cremes ou óleos de massagem mesmo feita de movimentos iguais, mas deslizante, ao passo que na drenagem convencional não se desliza apenas bombeia-se a linfa. Usada em todos os casos de tratamentos corporais estéticos.

* Massagens modeladoras: Há uma gama de massagens modeladoras, seu intuito é sempre ser profundo de movimentos mais vigorosos movimentando a massa corpórea. Para isso existem várias técnicas nas quais são empregadas conforme a necessidade de cada caso ou protocolo a ser seguido.

* Massagens localizadas: Forma mais tradicional de massagem, levando-se em conta a área a ser trabalhada e sua necessidade de força somada ao movimento, normalmente envolve a musculatura e a massa corpórea, também no efeito analgésico e relaxante.

* Tratamento corporal ortomolecular: Tipo de tratamento que é mais específico ainda por se tratar das necessidades individuais de cada um, onde mediante um questionário, chega-se ao diagnóstico específico, só aí então será preparado um tratamento exclusivo de desintoxicação, redução de medidas, etc.

* Gomage Corporal: Pode ser por meio de cremes ou cristais de sais. A técnica de esfoliação no corpo e face é necessária antes de qualquer procedimento estético para preparação da pele, retirando células mortas, ativando a circulação, para se tornar mais receptivas ao uso de cosméticos. Excelente, sem dúvida, deixa a pele macia, brilhante e renovada em qualquer época ou ocasião.

* Tratamento com Gesso: Essa técnica é usada para potencializar todos os procedimentos que necessitam de oclusão para uma melhor absorção dos ativos. Normalmente usado para tonificação de bustos e glúteos.

* Vinhoterapia: O vinho tem propriedades antioxidantes, combate os radicais livres. Excelente nos procedimentos corporais e faciais, como máscaras, peelings, exfoliantes, termoterapia, etc.

* Crioterapia: Método eficaz no combate à flacidez. Tonifica a pele e anexos, normalmente em forma de géis, ou com argila.

Publicado em 28/06/12 e revisado em 04/11/19
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Crochetagem como recurso na Fisioterapia Dermato-Funcional



A cicatriz pode ser um grande problema no pós-operatório de cirurgias plásticas, em qualquer parte do corpo. E a atuação da fisioterapia dermato-funcional é essencial nesses casos. Existem muitas formas para se trabalhar e melhorar as cicatrizes pós operatórias em qualquer parte do corpo.

A intervenção da Fisioterapia Dermato-funcional divide-se em duas grandes áreas: reparadora e estética. Da primeira fazem parte problemas como:
• úlceras;
• cicatrizes;
• feridas;
• queimaduras.

Por outro lado a área estética é responsável por intervenção em distúrbios, como:

• Envelhecimento cutâneo (rugas, manchas e pele desvitalizada);
• Acne;
• Hiperlipodistrofia ("gordura localizada");
• Flacidez (dérmica e muscular);
• Estrias; Fibro edema gelóide ("celulite");

As cicatrizes podem ser hipertróficas ou queloides. A hipertrófica pode regredir espontaneamente e a hipertrofia ocorre dentro dos limites da lesão. Os queloides não apresentam essa melhora espontânea: a fibrose forma-se além dos limites da lesão e os portadores têm sensação de prurido, ferroadas ou queimação.



Um dos recursos que pode ser  utilizado é a crochetagem miofascial. A fáscia é um tecido conjuntivo composto por fibras de colágeno que envolve toda a estrutura corporal e visceral, dando forma e função para órgãos e tecidos. A fáscia desempenha um importante papel na transmissão de tensão mecânica, devido sua continuidade estrutural, participando assim do controle de um ambiente inflamatório, como por exemplo, um processo de cicatrização  A técnica de crochetagem tem como objetivo tratar tensões musculares e fasciais, liberando as aderências encontradas em patologias ortopédicas e traumatológicas.

Ela tem mostrado grande eficiência no tratamento da dor, tendo como principal objetivo promover a ruptura e dissolver as aderências fibrosas provocadas por cirurgias, traumas e ou quadros inflamatórios, devolvendo a movimentação natural entre as fáscias, ocorrendo assim liberação dos pontos gatilhos, aumento do aporte sanguíneo para as regiões afetadas, liberando os fluxos e promovendo assim o reequilíbrio orgânico. Traz como benefício o relaxamento muscular, tendo como resultado "a volta da vida" destas regiões, reestabelecendo a mobilidade perdida ou restrita.

Você é profissional?

Se você é profissional, essa técnica pode ser empregada em muitos casos, desde a Fisioterapia Respiratória até Dermatológica e Traumatológica.  Eeu vou te dar uma dica para saber mais sobre Crochetagem Miofascial. Clique aqui e saiba mais!  Aperfeiçoamento em técnicas que dão resultado é um upgrade na sua carreira!

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Cigarro pode comprometer pósoperatório de Cirurgia Plástica


Resultado de imagem para tabagismo cirurgia

A avaliação é importante no pré e pós cirúrgico da cirurgia plástica. E dentre as perguntas que o fisioterapeuta deve fazer está a se o paciente é fumante ou não.

Sabe por que? Fumantes podem ter até quatro vezes mais complicações nas cirurgias plásticas. Além dos malefícios já conhecidos, hábito de fumar pode interferir no pré e no pós-operatório. 

Além de ter complicações respiratórias pós-cirúrgicas, os fumantes tem maior dificuldade para a cicatrização. O fumo leva ao aumento da produção de radicais livres, desencadeando uma reação de oxidação - o que proporciona o envelhecimento precoce. Cada cigarro leva a um período de diminuição no calibre dos vasos sanguíneos, aporte de oxigênio e nutrientes na região da pele. 

Nos casos em que se realizam cirurgias com amplos descolamentos, a tendência é de haver um risco maior de comprometimento do processo de cicatrização. Isso pode levar ao surgimento de necroses teciduais, deiscências de suturas (afastamentos das partes costuradas) e de coleções líquidas, dentre outras complicações. Desta maneira, é imprescindível adequar técnicas menos agressivas, com descolamentos teciduais menores para proteger o paciente de possíveis complicações, além de aconselhá-lo a cessar o fumo no pré-operatório. 

Cigarro e cirurgia plástica de nariz

O tabagismo na cirurgia plástica de nariz (rinoplastia) pode tornar a mucosa nasal mais sensível durante a fase de recuperação. Pode ainda facilitar a tosse e infecções respiratórias de maneira que aumente a pressão arterial e pode haver sangramentos e "estourar pontos" (ex: abdominoplastia, plástica de mamas, implante de mamas, etc). Na ritidoplastia (plástica ou lifting facial), o tabagismo aumenta muito a chance de necrose (morte da pele).

Portanto, independente do tipo de cirurgia, vale a pena o esforço de parar de fumar. O tabagismo, associado à exposição solar sem proteção, constitui um fator externo que agrava, e muito, o processo de envelhecimento natural. 

A (o) fisioterapeuta deve estar atenta a esses fatores na preparação ou na recuperação do paciente para poder cuidar desse processo da melhor forma possível. 

Publicado em 13/11/12 e revisado em 29/08/19
 

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Paralisia facial periférica: um distúrbio de instalação rápida


 Já viu alguém no mesmo ambiente que você ficar igual a esse da foto ilustrativa? podemos estar falando da paralisia facial periférica.

Vamos conhecer primeiro um pouco do nosso sistema nervoso. Nosso corpo possui 12 pares de nervos cranianos, são eles que nascem no sistema nervoso central (cérebro) e seguem para regiões da cabeça e pescoço sem passar pela medula espinhal. Exercem funções sensitivas e motoras. A função é determinada conforme as estruturas inervadas por cada par.

Acesse o blog da Fisioterapia

A paralisia facial periférica é um tipo de paralisia que atinge o nervo facial (7º nervo craniano), em que o paciente sofre com o enfraquecimento repentino ou paralisia dos músculos em um lado da face. Este nervo move os músculos faciais, estimula a salivação e as glândulas lacrimais, permite que os dois terços frontais da língua detectem os gostos e controla também um músculo que envolve a audição. O acometimento desse nervo resulta em paralisia completa ou parcial da mímica facial. A recuperação da lesão do nervo facial pode ocorrer em algumas semanas, até quatro anos.

A paralisia se deve a uma inflamação que se desenvolve ao redor do nervo facial, e essa inflamação comprime o nervo fazendo com que este pare de enviar sinais cérebro/músculos até que a inflamação desapareça. Ele passa por um estreito canal ósseo localizado atrás da orelha.

Causas:

Normalmente, quando acontece  uma perda de gradual de movimentos, é devido a um tumor na cabeça ou pescoço. Já no caso de uma perda repentina, podem ser: 

• Idiopática ou Paralisia de Bell, que é o tipo mais comum de paralisia facial;
• Infecção;
• Trauma na cabeça;
• Diabetes;
• Congênita;
• Mudanças bruscas de temperatura;
• Otite média;
• Baixa imunológica.

Mulheres grávidas possuem três vezes mais chances de terem a paralisia de Bell do que as não gestantes. A predisposição também é maior em pacientes que tenham diabetes, infecções advindas dos rins ou problemas genéticos.

A Paralisia de Bell (paralisia facial periférica sem causa aparente) é causada provavelmente pela reativação do herpes simples tipo 1. A paralisia de Bell é de evolução benigna, ela é percebida de repente pelo paciente ou seus familiares. A intensidade da fraqueza varia de paciente para paciente. Primeiro atinge o ápice clínico, depois fica estável em um período que dura de dias a poucas semanas e mais tarde apresenta melhora progressiva. É importante prestar atenção nos sintomas caso eles surjam, para que você trate o mais rápido possível e não haja complicações futuras.

Os principais sinais e sintomas são:

• Acontece uma fraqueza muscular em um lado do rosto, fazendo com que a hemiface fique inclinada, e quando sorri, apenas metade do seu rosto irá mover-se;
• A saliva e bebidas podem cair pelo lado afetado da boca, com isso a pessoa acaba babando;
• Muito cuidado ao mastigar os alimentos porque podem ficar presos entre os dentes, lábios e gengiva;
• Em alguns casos pode ocorrer dor de cabeça e ao redor da mandíbula;
• A pessoa fica com problemas  na fala, assoprar ou assoviar, pode não ser capaz  encher as bochechas de ar, e fazer mímica facial, não consegue também manter os olhos abertos ou fechados, levando ao ressecamento dos olhos trazendo danos à córnea;
• Tanto as orelhas como a língua podem ser afetadas, a primeira pode ficar mais sensível e barulhos podem se tornar muito estridentes enquanto a língua pode perder a sensibilidade e não mais sentir o sabor dos alimentos;
• Alguns casos a produção de lágrimas e de saliva podem ser alteradas.

Apesar de os sintomas geralmente sumirem após algum tempo, danos irreversíveis podem ocorrer ao rosto, como a contração involuntária dos músculos. Essa contração pode ocorrer, por exemplo, ao fechar o olho, a boca pode ser puxada levemente para cima como se estivesse sorrindo.

Na avaliação o fisioterapeuta pede para o paciente realizar testes de força e pede ao paciente que execute algumas funções como piscar, sorrir e franzir a testa. De modo geral, a boca entorta para o lado preservado, o olho não fecha no lado acometido, não é possível elevar a sobrancelha do lado paralisado e todas as rugas e linhas de expressão desse lado, especialmente as da testa, tendem a sumir.

Acesse o blog sobre Fisioterapia na Neurologia

Caso o olho não feche por completo, deve ser protegido da secura para reduzir o risco de lesão ocular, devido a isso os médicos recomendam o uso de colírios compostos por lágrimas artificiais ou uma solução de sal (salina) até se conseguir fechar o olho por completo. As pessoas podem ter que usar um tampão nos olhos, principalmente durante o sono. Como não é possível piscar do lado paralisado, fechamentos manuais da pálpebra, durante todo o dia deverão ser feitos.

O médico decidirá se existe necessidade de exames e se há vantagem do tratamento com medicações.

Fisioterapia:

A fisioterapia é indispensável com o objetivo principal de restabelecer o trofismo, a força e a função muscular. E isso pode incluir a fisioterapia dermato funcional, que trabalha com a face. Devem ser utilizadas orientações verbais do fisioterapeuta para a mímica facial buscando a melhora da simetria da face. Para isso, a fisioterapia faz uso de técnicas de treinamento miofacial para hemiface afetada, para favorecer a propagação da excitação nervosa.

O exercício orientado pelo fisioterapeuta pode ser realizado em frente ao espelho para aumentar a consciência facial. Exercícios que devem começar com pouca repetição e um aumento do tempo de contração e, após alguns dias, pode-se aumentar as repetições e diminuir o tempo de contração.

Se faz uso da crioestimulação para aumentar o tônus da hemiface afetada,  utiliza-se também  a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva.

Na crioterapia, podemos obter dois efeitos: um é o efeito analgésico e o outro é efeito estimulante. Se quisermos um efeito analgésico fazem-se movimentos circulares lentos sobre uma pequena área (ventre muscular, ponto doloroso), mas se quisermos um efeito estimulante (facilitar a atividade muscular) aplica-se o gelo de forma rápida e breve sobre o dermátomo da pele do músculo em questão.

Alguns profissionais ainda preferem utilizar a eletroestimulação para restabelecer a função muscular, mas alguns estudos relatam o risco de sincinesia, que é o movimento involuntário que ocorre num grupo de músculos por ocasião de um movimento voluntário ou de um reflexo de outra parte do corpo.

As massagens mais profundas e circulares, servem para aumentar a vascularização do tecido e promover um estímulo tátil na hemiface acometida. Quando realizada de forma mais lenta, promove um relaxamento da hemiface íntegra, já que esta, muitas vezes está sendo mais recrutada durante a mímica.

 

Quando se treina os músculos faciais com exercícios, você pode recuperar alguns dos movimentos, e tais exercícios podem também ajudar a diminuir alguns sintomas da paralisia facial, incluindo a dor .A orientação de exercícios para realização diária em casa, também é um componente essencial para que os resultados sejam visíveis o mais rapidamente possível.

Nos casos com recuperação insatisfatória é possível utilização de Botox (no lado bom), para melhorar a simetria, uma vez que o aspecto estético é a principal problema da paralisia. Há outras opções cirúrgicas como descompressão do nervo em casos graves, ainda em estudo, e a microcirurgia de transposição de nervo.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Carboxiterapia Científica, Descolamento Compartimental (DEEP Carboxi) e Hidrolipoclasia (HLC)


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Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros.

Primeiramente você cresce por dentro para depois crescer por fora, a chave para um contínuo crescimento é o conhecimento. Assim transformará a felicidade das suas clientes e sua felicidade.


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Você terá acesso aos conteúdos de Carboxiterapia Científica, Descolamento Compartimental (DEEP Carboxi) e Hidrolipoclasia (HLC) em um único curso! E o melhor de tudo: assistir na sua casa, clínica ou espaço de beleza.

Curso 1 – Em nosso curso online você vai aprender a atual e mais procurada aplicação de Carboxiterapia no Brasil. Como se estivesse acompanhando um atendimento real. Através do Treinamento de Carboxiterapia científico o profissional poderá agregar todos os benefícios terapêuticos e fisiológicos que gás carbônico medicinal pode proporcionar nas disfunções estéticas, por exemplo: anti-age, estrias, Lipodistrofia ginóide, adiposidade localizada, calvície, olheiras entre outras.

Curso 2 – O curso também apresentará a técnica de Treinamento de HLC – Hidrolipoclasia, podendo ser técnicas associadas em seus atendimento, para obter melhor resultado. Este procedimento não há cânula para aspirar, tornando-o um procedimento totalmente natural, que não necessita afastamento das atividades diárias do seu cliente e com resultado final de uma minilipo. É procedimento para redução rápida de adiposidade local, consequentemente das medidas.

Curso 3 – Terá o Treinamento Completo de DEEP CARBOXITERAPIA – Descolamento Compartimental o profissional que já atua com a carboxiterapia poderá aprender a técnica aqui utilizada para facial, criada por uma cirurgiã plástica Dra. Patricia Erazzo, no resultado final do tratamento será o mesmo do que um lifting facial ou uma aplicação de botox.

  • Professor: Profa. Msc.Taís Amadio Menegat
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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Fisioterapia Hospitalar no Paciente Queimado


O Blog é de Fisioterapia na Dermato Funcional mas há uma pate da nossa especialidade que se alia a Fisioterapia Hospitalar, quando falamos de Fisioterapia em Queimados.

A fisioterapia tem uma grande importância no tratamento de pacientes queimados, pois atua em todas as consequências da queimadura, não apenas nas complicações motoras e respiratórias, mas também contribui para o bem biopsicossocial dos indivíduos, tendo excelentes resultados na recuperação do paciente.

É importante que a intervenção aconteça de maneira precoce, para que os resultados de funcionalidade, cicatrização e restauração da saúde física e emocional dos pacientes sejam alcançados.

As condutas fisioterapêuticas para o paciente queimado são:

  • Correto posicionamento no leito

Para prevenção de deformidades, pois previne a ocorrência de fibrose e rigidez articular. É necessária a mudança constante de decúbito para prevenir flictenas, úlceras por pressão e edemas.

  • Cinesioterapia

Exercícios de mobilização ativos e passivos para preservar os movimentos do membro queimado e manter a função de deslizamento dos tendões, amplitude de movimento e força muscular.

A movimentação deve ser iniciada assim que o paciente apresentar condições clínicas necessárias para o processo de reabilitação. Se o paciente estiver sedado e impossibilitado de realizar exercícios, os movimentos passivos devem ser realizados.

  • Sedestação e deambulação

A sedestação e deambulação devem ser realizadas o mais cedo possível, assim como o treino de marcha, devendo ser interrompidos apenas quando há presença de enxerto de pele.

  • Fisioterapia respiratória

As complicações respiratórias no paciente queimado são numerosas, por isso a atuação do fisioterapeuta deve ser precoce e contínua a fim de evitar complicações.

O fisioterapeuta deve realizar manobras de higiene brônquica, reexpansão pulmonar e suporte ventilatório caso seja necessário.

É necessário monitorar e ajustar os parâmetros ventilatórios obedecendo uma estratégia protetora de ventilação e adequar o paciente a decúbitos e procedimentos que favoreçam a função respiratória.

  • Laser terapêutico

O laser terapêutico é capaz de promover um processo cicatricial mais rápido e de melhor qualidade. A maioria dos estudos revela que a terapia com laser acelera a proliferação de células, aumenta a vascularização e melhora a organização do colágeno.

O laser é um excelente recurso que tem a capacidade de induzir uma cicatrização rápida, sendo um recurso valioso para o paciente queimado.

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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Tratamentos fisioterapêuticos para a Celulite

Resultado de imagem para tratamento fibro edema geloide

A fisioterapia vem ampliando cada vez mais suas áreas de atuação, visando sempre o equilíbrio entre saúde física e qualidade de vida. A fisioterapia dermato-funcional é uma área recente que busca fornecer embasamento científico aos tratamentos estéticos que eram tidos como empíricos.

O fisioterapeuta dispõe de meios físicos e técnicas terapêuticas como eletroterapia, técnicas manuais, cinesioterapia, RPG, cosmetologia, capazes de tratar efetivamente diversas patologias clínicas e estéticas com conhecimentos relevantes de anatomia, fisiologia, patologia. Esse conhecimento proporciona uma abordagem direcionada à forma mais eficaz de tratamento para cada paciente, potencializando e assegurando resultados efetivos, sem causar riscos à saúde.

Diversos são os distúrbios estéticos que afetam a população principalmente feminina, dentre eles o fibro edema gelóide (FEG) é um dos mais freqüentes e relevantes, pois além de esteticamente desagradável, diminui a auto-estima e pode causar algias nas zonas acometidas.

A Fibro-edema-gelóide (FEG) pode ser definida como uma patologia multifatorial, que apresenta edema não inflamatório nos tecidos dérmico, subcutâneo e adiposo, os quais podem apresentar-se sob o aspecto acolchoado ou de pele em “casca-de-laranja; é um acometimento comum em cerca de 95% das mulheres e pode evoluir para sinais e sintomas que ultrapassam o comprometimento estético, pois gera alteração crônica do tecido adiposo e conjuntivo, seguida por compressão dos vasos sanguíneos e linfáticos e perda do equilíbrio fisiológico local, podendo advir algia nos locais acometidos, diminuição das atividades funcionais e problemas emocionais.

A classificação do FEG pode ser dividida em três estágios:

Grau I ou brando:

Ainda não é visível à inspeção somente pela compressão do tecido entre os dedos ou contração voluntária, não há alteração de sensibilidade à dor, sendo sempre curável.

Grau II ou moderado:

As depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos, com a luz incidindo lateralmente, as margens são especialmente fáceis de serem delimitadas. Já existe alteração de sensibilidade, sendo freqüentemente curável.

Grau III ou grave:

O acometimento já é percebido com o indivíduo em qualquer posição, ortostática ou em decúbito. A pele fica enrugada e flácida. Há aparência por apresentar-se cheia de relevos, assemelha-se a um “saco de nozes”, a sensibilidade à dor está aumentada e as fibras do conjuntivo estão quase totalmente danificadas. Este estágio grave é considerado como incurável ainda que passível de melhora.

A Fisioterapia Dermato-Funcional dispõe de diversas técnicas que possuem finalidades positivas no tratamento do fibro edema gelóide dentre elas salientamos as mais utilizadas atualmente.

Corrente Galvânica

A corrente galvânica é utilizada na sua forma pura (galvanização) ou em associação a drogas despolimerizantes (iontoforese). Quando utilizada na sua forma pura os efeitos podem promover um incremento na nutrição do tecido afetado conseqüente ao aumento da circulação local, que ocorre principalmente no nível do pólo negativo, que é mais estimulante (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

A iontoforese consiste em fazer penetrar no organismo substâncias farmacológicas ionizáveis através do revestimento cutâneo por meio de uma corrente elétrica unidirecional que possui propriedades polares iontoforéticas (PARIENTI, 2001; ROSSI, 2001).

Segundo Parienti (2001), os primeiros resultados são notáveis em geral por volta da 6ª ou 7ª sessão de ionização. A duração é em média da sessão é cerca de 20 minutos. O número recomendado de sessões é de 20, podendo-se realizar novas sessões após um descanso de 1 mês.



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Eletrolipoforese

Por definição, a eletrolipoforese é uma técnica destinada ao tratamento das adiposidades e acúmulo de ácidos graxos localizados. Segundo Soriano et al., caracteriza-se pela aplicação de microcorrentes específicas de baixa freqüência (ao redor de 25 Hz) que atuam diretamente no nível dos adipócitos e dos lipídios acumulados, produzindo sua destruição e favorecendo sua posterior eliminação (BORGES, 2006).

A eletrolipoforese trata-se de um procedimento que consiste em veicular ondas elétricas de intensidade e de freqüência definidas. Utilizam-se vários pares de agulhas finas (0,3mm) e longas (5 a 15cm), desempenhando o papel de eletrodos, são ligadas a correntes de baixa intensidade, criando um campo elétrico entre elas (GUIRRO; GUIRRO, 2002; PARIENTI, 2001).

De acordo com Parienti (2001), a intensidade da corrente utilizada varia de 5 a 40 mA e a freqüência é escolhida entre 5 e 500 Hz. A duração da sessão é de 50 minutos, sendo realizada uma vez por semana. O número de sessões varia de 3 a 6, sendo que a implantação das agulhas pode ser alterada a cada sessão de acordo com a localização dos enchimentos celulíticos.

Os efeitos fisiológicos proporcionados pela eletrolipoforese são: efeito Joule, onde a corrente elétrica, ao circular por um condutor, realiza um trabalho que produziria certo tipo de “calor” ao atravessar o mesmo; efeito eletrolítico; efeito de estímulo circulatório; efeito neuro-hormonal, que produz uma estimulação artificial do sistema nervoso simpático e, como conseqüência, ocorre a liberação de catecolaminas com aumento de AMP cíclico intradipocitário, e aumento da hidrólise dos triglicerídeos (BORGES, 2006).

A esse tratamento atribui-se uma modificação do meio intersticial, que favorece trocas metabólicas, e ainda lipólise. Como o processo é considerado invasivo, é considerado de uso médico (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Correntes Excitomotoras

A estimulação elétrica neuromuscular (NMES) é um importante coadjuvante no tratamento do fibro edema gelóide. Esta modalidade terapêutica tem por objetivo propiciar o fortalecimento e/ou hipertrofia muscular, bem como o aumento da circulação sanguínea e linfática, melhorando assim o trofismo dos tecidos. Um ponto importante a ser observado é a sensibilidade do paciente, pois quanto mais agradável for, maior intensidade o paciente suportará, maior a profundidade do campo elétrico e, conseqüentemente, maior o número de unidades motoras recrutadas (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

De acordo com Rossi, (2001) trabalhando-se com correntes de baixa freqüência (até 300Hz), em torno de 0,5 a 60 Hz, poderemos ter uma boa contração muscular, em sessões com duração de 15-20 minutos, realizadas 2-3 vezes por semana. O número de sessões está compreendido entre 15 e 30. Os resultados esperados e obtidos além de 10 sessões são representados por uma tonificação seletiva dos músculos, redução dos depósitos adiposos, aumento da circulação e aumento do metabolismo.


Endermologia

De acordo com Guirro; Guirro (2004), a endermologia é um método também denominado palper-roler (palpar-rolar). É uma técnica de tratamento que engloba equipamentos específicos, baseados na aspiração (sucção), acrescidos de uma mobilização profunda da pele e tela subcutânea, permitindo um incremento na circulação sanguínea e superficial.

A Endermoterapia utiliza equipamentos eletrônicos a vácuo. Normalmente o “cabeçote” (ventosa) é de maior tamanho do que os que são utilizados na dermotonia (depressomassagem e depressodrenagem linfática) e possui rolos eletrônicos, sendo capaz de realizar uma massagem profunda através da sucção fazendo uma dobra na pele, e é indicado seu uso com malhas, pois oferecem um maior conforto para o paciente em virtude de deslizarem melhor (BORGES, 2006).

Segundo Lopes (2003), antes de iniciar a sessão de tratamento com a endermologia a paciente poderá vestir-se com uma malha finíssima em tecido sintético antialérgico, que terá como função ser uma segunda pele, além de garantir maior higiene ao tratamento, atenuar eventual desconforto provocado pela aspiração e pinçamento da prega cutânea pelo cabeçote, e facilitar as manobras e o deslizamento dos roletes em todas as regiões do corpo.

As funções do tratamento com a endermologia no fibro edema gelóide consistem em melhorar a maleabilidade do tecido, com ação inclusive nas etapas mais avançadas do distúrbio, suavizando o aspecto acolchoado da pele. Logo, a endermologia estimula a dissolução dos nódulos e libera as aderências teciduais, bem como favorece na diminuição dos transtornos circulatórios. A endermologia visa, através de ação puramente mecânica, reverter o processo patológico do fibro edema gelóide instalado no tecido conjuntivo hipodérmico (SILVA, 2002).

Lopes (2003), cita como ações resultantes do tratamento com endermologia a ação lipolítica (pela ação mecânica), drenagem linfática e eliminação dos resíduos metabólicos (através da ação de hipervascularização associada ao desfibrosamento do tecido conjuntivo, garantindo uma melhor circulação dos fluidos), tonificação da pele (pelo estímulo gerado no fibroblasto associado ao descongestionamento dos tecidos) e desestresse muscular (por diminuir as tensões e otimizar as trocas tissulares).

Estudos comprovaram que a massagem mecânica não-invasiva do contorno corporal melhora a aparência da celulite e altera a distribuição da gordura subcutânea, por tracionar verticalmente os tecidos conectivos (ERSEK apud BORGES, 2006).

Bertan (2005), após o tratamento realizado, observou que o protocolo utilizado (3 vezes por semana, 30 minutos, 20 sessões ) mostrou-se eficaz no tratamento do FEG, pois conseguiu diminuir e atenuar a sua presença, aumentando a auto-estima da paciente e proporcionando uma melhor aparência local.


Drenagem Linfática

A drenagem linfática é de grande importância no tratamento do fibro edema gelóide, diante do quadro de estase sanguínea e linfática. Essa técnica consiste em captar o líquido intersticial excedente que originou o edema e evacuá-lo em direção aos corredores de reserva ganglionares, mantendo, dessa forma, o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais. (GUIRRO; GUIRRO, 2002; PARIENTI, 2001; LEDUC; LEDUC, 2000).

A drenagem linfática pode melhorar a tonicidade tissular e aumentar o transporte de metabólitos, promovendo um maior turgor da pele, e também pode ajudar no transporte de microestruturas, retornando ao seu estado inicial ou otimizando este estado (BORGES, 2006).

Segundo Guirro; Guirro (2002), a massagem não representa mais que um coadjuvante no tratamento do fibro edema gelóide, não devendo ser utilizada como recurso terapêutico único e completo, devido à etiologia multifatorial. A massagem promove analgesia, incremento na circulação sanguínea e linfática, auxilia na penetração de produtos com princípios ativos específicos, e aumenta a maleabilidade tecidual.

Ultra-som

O uso do ultra-som no tratamento do fibro edema gelóide está vinculado à sua capacidade de fonoforese, além de promover neovascularização com conseqüente aumento da circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas, e melhora das propriedades mecânicas do tecido (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Segundo Borges (2006), normalmente, trata-se a celulite com fonoforese, utilizando o ultra-som de 3 MHz no modo contínuo (em virtude de maior ação tixotrópica). Há que ressaltar a importância da qualidade dos produtos utilizados na fonoforese para esse tratamento, no tocante à transmissibilidade ultra-sônica, pois dependendo da técnica fonoforética utilizada o produto escolhido como meio acoplante poderá facilitar ou dificultar a ação do campo ultra-sônico na afecção tratada.

Weimann (2004), em um estudo realizado com 10 pacientes submetidos a tratamento de FEG com ultra-som, após 20 sessões contataram que a técnica mostrou-se eficaz no tratamento do fibro edema gelóide, uma vez que diminuiu o grau de acometimento. No entanto após dois meses do término do tratamento outra avaliação realizada demonstrou que não houve manutenção dos resultados.

Togni (2006), ao término de seu estudo, em que foram associadas as técnicas de fonoforese com a de dermotonia, constatou um progresso no quadro das pacientes com o protocolo utilizado. Melhora esta observada na redução dos dados perimétricos e dos graus de FEG, observados através de alterações visuais, além da melhora no aspecto geral da pele.

REFERÊNCIAS

BERTAN, Ana Amélia Guglielmi Pavei. Efeitos obtidos com a aplicação da endermologia no tratamento do fibro edema gelóide – celulite. Tubarão, SC, 2005. Monografia (Graduação). Curso de Fisioterapia, Universidade do Sul de Santa Catarina.

BORGES, Fábio. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2006.

CIPORKIN, H.; PASCHOAL, L.H. Atualização terapêutica e fisiopatogênica da lipodistrofia ginóide. São Paulo: Santos, 1992.

GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional. 3.ed. São Paulo: Manole, 2002.

____________. Fisioterapia dermato-funcional: Fundamentos, Recursos, Patologias. 3. ed. rev. ampl. Barueri, SP: Manole, 2004.

HORIBE, E.K. Estética e clínica cirúrgica. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.

LEDUC, Albert; LEDUC, Olivier. Drenagem linfática: teoria e prática. 2 ed. Barueri, SP: Manole, 2000.

LEITE, R.G. Fisioterapia dermato-funcional – uma área em observação. Disponível em . Acesso em: 20 dez. 2006.

LOPES, T. S. A utilização da endermologia no tratamento do fibro edema gelóide. Disponível em . Acesso em: 28 ago. 2003.

PARIENTI I.J. A celulite. Medicina estética. São Paulo: Andrei, 2001.

ROSSI, M.H. Dermato paniculopatias e ultra-som. Material do IBRAPE, 2001.

SILVA, J.C. Endermoterapia. Revista Brasileira de Fisioterapia Dermato Funcional, Rio de Janeiro, n.1, p.20-22, 2002.

TOGNI, Aline Beatriz. Avaliação dos efeitos do ultra-som associado à fonoforese e endermologia no tratamento do fibro edema gelóide. Tubarão, SC, 2006. Monografia (Graduação). Curso de Fisioterapia, Universidade do Sul de Santa Catarina.

WEIMANN, Luciane. Análise da eficácia do ultra-som terapêutico na redução do fibro edema gelóide. Cascavel, 2004. Monografia (Graduação). Curso de Fisioterapia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.


Publicado 22/08/12
Revisado 25/04/19